segunda-feira, 5 de maio de 2014

Queridos e estimados discentes:
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões 



Gostaria de convidá-los para juntos adentrarmos no mundo maravilhoso da literatura em especial no momento intitulado ROMANTISMO, veremos a partir de agora que navegar em águas límpidas nos fará ver através de outros olhares com são mais brilhantes e encantadores as coisas, as pessoas, o mundo quando trazemos dentro de nós a chama acessa do AMOR. Acessem o link abaixo e vamos que vamos, pois agora é com vocês!!! 
Boas leituras, Bons estudos, Boas reflexões!!!


 OBSERVAÇÃO: Siga corretamente as orientações aqui postadas para melhor desempenho das tarefas solicitadas, todas deverão serem respondidas no caderno.

AUTORA: RAIMAR SANTOS DA CONCEIÇÃO LEITE.

CEPROG – CENTRO EDUCACIONAL PROFESSOR RÔMULO GALVÃO – ( REDE ESTADUAL)

ESTRUTURA CURRICULAR:

MODALIDADE / NÍVEL DE ENSINO: ENSINO MÉDIO

COMPONENTE CURRICULAR: LITERATURA

TEMA: ESTUDOS LITERÁRIOS – ANÁLISE / RELFEXÃO

O que o aluno poderá aprender com esta aula:
 • Analisar uma letra da música como exemplo de romantismo;
 • conhecer o panorama histórico-cultural e as características da estética romântica;
 • estabelecer relação desta estética em Portugal e Brasil;
 • conhecer a chamada Primeira Geração ou geração nacionalista;
• analisar a obra de Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães;
• contextualizar com outras formas de arte produzidas na segunda metade do século XVIII.

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno:
• Influência da literatura portuguesa no Brasil.
• Marcas do Arcadismo.
• Figuras de linguagem.

 Estratégias e recursos da aula:
 - Utilização de informática.
 - Leituras, exercícios e pesquisa em grupo.

 Atividade 1:
 Para que os alunos entendam melhor a estética romântica, como motivação, o professor deverá orientar como deverão acessar dois sites:






O primeiro vídeo será para simplesmente apreciarem a música romântica e o segundo para fazerem a leitura e análise da letra da música
'' Faltando um pedaço".
 Djavan
O amor é um grande laço
Um passo pr'uma armadilha
Um lobo correndo em círculo
Pra alimentar a matilha
Comparo sua chegada
Como a fuga de uma ilha
Tanto engorda quanto mata
Feito desgosto de filha,
De filha
O amor é como um raio
Galopando em desafio
Abre fendas, cobre vales
Revolta as águas dos rios
Quem tentar seguir seu rastro
Se perderá no caminho
Na pureza de um limão
Ou na solidão do espinho
O amor e a agonia
Cerraram fogo no espaço
Brigando horas a fio
O cio vence o cansaço
E o coração de quem ama
Fica faltando um pedaço
Que nem a lua minguando
Que nem o meu nos seus braços.

 SOBRE O TEXTO: 
Atividade 1:
Atividades orais - O professor pedirá a um aluno que faça a leitura do texto em voz alta. Pedirá a outro que parafraseie o texto, ou seja, apresente o que entendeu do texto com suas palavras.

Atividades escritas - Os alunos deverão anotar as respostas no caderno.
1- Na música "Faltando um pedaço", Djavan usa das figuras de linguagem, metáforas, comparações e personificação.
Transcrevam da letra da música exemplos de:
Metáforas;
 Comparações;
 Personificação:

2- Construa uma metáfora para dar a sua definição do amor.

3- Justifique o título da música.

Atividade 2
Nesta atividade, o professor solicitará que os alunos acessem o site disponível abaixo para responderem, em grupo, as questões propostas no roteiro que trata do Romantismo em Portugal.

http://www.coladaweb.com/literatura/romantismo-em-portugal 

Antes, porém, explique aos alunos que, didaticamente, o Romantismo foi dividido em três fases ou gerações porque, mesmo com as características românticas, em cada fase, os poetas e escritores escreveram sob a influência de diferentes temas.
Na primeira fase, a geração exaltou a natureza do Brasil e o indígena.
Principais autores: Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães e Araújo Porto Alegre.
A segunda fase, por influência de Lorde Byron, os artistas Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela revelaram, ainda que românticos, o mal-do-século: pessimismo, dúvidas, desilusões, saudades da infância.
Já a terceira fase foi marcada pela poesia social e libertária. Usou como símbolo o condor, ave de altos voos. À geração condoreira pertenceu Castro Alves, Sousândrade, Tobias Barreto.

Diga ainda que o estudo que será iniciado refere-se à primeira geração.

Roteiro:
1- Elaborem um esquema que apresente as influências que provocaram o aparecimento do que veio a se chamar Romantismo.
2- Definam Romantismo:
3- Qual foi o acontecimento desencadeador do Romantismo em Portugal?
4- Qual o nome do poema introdutor do Romantismo em Portugal? Por que é importante?
5- Como a mulher era vista pelos escritores românticos.
6- Além da idealização da mulher, forma de escapismo, os românticos fazem utilização de outras formas de escapismo?
7- Completem o quadro abaixo que traz nomes de prosadores.
Citem as principais obras de:
Almeida Garret:
Alexandre Herculano:
Castilho Castilho:
Camilo Castelo Branco:
Júlio Dinis:
8- Citem os nomes dos principais poetas românticos.


Atividade 3:

Pedir aos alunos que acessem o site:


Texto para leitura: Literatura romântica brasileira No ano de 1836 é publicado no Brasil Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de Magalhães. Esse é considerado o ponto de largada deste período na literatura de nosso país. Porque muitos de nossos escritores haviam estudado na Europa, muitas características presentes nos nossos textos românticos denotam influência portuguesa como: Individualismo; subjetivismo; abandono dos modelos clássicos.

Características do Romantismo brasileiro: • nacionalismo; • valorização da paisagem da terra natal; • integração homem natureza; • idealização física do índio; • mito do bom selvagem (homem não corrompido pela sociedade);

Nas Artes Plásticas, obras dos pintores brasileiros buscavam valorizar o nacionalismo, retratando fatos históricos importantes.

As músicas desta fase, os valores retratados foram a emoção, o amor e a liberdade de viver. O nacionalismo, nosso folclore e assuntos populares servem de inspiração para os músicos. O Guarani de Carlos Gomes é a obra musical de maior importância desta época.


Peça que leiam primeiro silenciosamente e depois em voz alta. Oriente-os em relação à compreensão do texto com os alunos.
Em seguida, determine a leitura de textos poéticos da 1ª geração.
No final, solicite que os alunos apresentem a leitura oral em grupo:
Cada grupo deverá escolher um texto, preparar sua leitura e apresentação para a classe em forma de jogral ou dramatização.

Para terminar a apresentação, deverão destacar as características românticas presentes nos textos. http://pt.wikisource.org/wiki/O_dia_7_de_setembro,_em_Paris

Bons estudos e bons sonhos românticos!!!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Caetano Veloso - Os Argonautas

MOMENTO HISTÓRICO

LITERATURA BRASILEIRA:
3º ANO DO ENSINO MÉDIO
AUTORA: RAIMAR SANTOS LEITE
CEPROG - 2010


MODERNISMO PORTUGUÊS - CONTEXTO HISTÓRICO:

1910 – Cai a monarquia, Portugal vive um breve período democrático até 1926;

1926 – O país passa a ser governado por uma junta militar, surge Antônio de Oliveira Salazar, inicialmente ministro de finanças, nomeado 1º Ministro em 1932;

1932 – Inicia um novo período ditatorial, desumano e cruel, durante o qual a temida PIDE ( Polícia Internacional e de Defesa do Estado) que perseguiu e assassinou milhares de opositores ao regime;

1960 – Portugal organiza campanhas Militares para enfrentar rebeliões em Angola, na Guiné e em Moçambique – fatos que marcaram profundamente a sociedade Portuguesa influenciando a poesia do período;

1968 – Salazar sofre um derrame cerebral e é substituído por Marcelo Caetano que governou até 1974;

1974 – O movimento militar que ficou conhecido na história com o nome de Movimento de 25 de Abril ou Revolução dos Cravos, deposta Marcelo Caetano;

Com o fim das guerras coloniais e a Independência da Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo Verde, Angola e São Tomé e Príncipe, entre 1974 e 1975, o regresso de topas e colonos agravou os problemas de desemprego e crescimento urbano a instabilidade se fez presente;

1976 – O quadro social de Portugal começa a mudar, quando os socialistas conseguiram a maioria dos votos e Mário Soares foi indicado 1º Ministro.



CORRENTES DO MODERNISMO PORTUGUÊS DA 1ª METADE DO SÉCULO XX

CORRENTES E GRUPOS QUE ATUARAM ENTRE 1915 E 1950:

- Orfismo – 1915

Marco inicial do modernismo em Portugal, com a publicação da revista Orfeu, que reunia um grupo de escritores e artistas plásticos;

Figuras mais representativas do modernismo Português: Fernando Pessoa, Mario de Sá-Carneiro e Almada Negreiros;

Esses autores repudiavam o idealismo romântico da burguesia, a qual pretendiam escandalizar, e procuravam imprimir ao ambiente literário Português o tom Europeu, tendo com o proposta romper com o passado e exprimir na arte o dinamismo da vida moderna, assimilando as propostas vanguardistas do início do século, entre elas o Futurismo.

Destacam-se ainda: Aquilino Ribeiro e Florbela Espanca, embora não tenham ligações com os poetas de Orfeu.

- Presencismo – 1927

1927 – Surge a revista Presença, com 54 números até 1947. Coincidindo com o início do fim da democracia em Portugal;

Os presencistas aspiravam uma literatura desvinculada de qualquer posição de caráter político e religioso;

Marcados por um conservadorismo político ideológico;

Combatiam o academicismo e difundiam a estética modernista, esforçando-se para tornar conhecida a obra de Fernando Pessoa.

- DESTACARAM-SE NA POESIA, PROSA E CRÍTICA LITERÁRIA:

Adolfo Casais Monteiro;
- Alberto Serpa;
- Antônio Boto;
- Carlos Queirós;
- João Gaspar Simões;
- Miguel Torga;
- Vitorino Nemésio e outros.


- NEO – REALISMO – 1930

Fruto da insatisfação com a ditadura Salazarista;
- Voltava-se para as questões sociais, objetivando conscientizar os leitores e denunciar a corrosão da estrutura política, econômica e social de Portugal;
- 1930: processa-se a revalorização do realismo, encontrando em Ferreira de Castro um precursor com o romance A Selva;
- 1939: Publicação da obra Gaibéus, de Alves Redol, marco definitivo dessa tendência que teve larga aceitação;

1941 a 1944: Os poetas publicaram 10 volumes do Novo Cancioneiro, coletânea na qual se encontram os poetas mais representativos do período;
Poetas:
- Carlos de Oliveira, Jose Gomes Ferreira, Mário Dionísio e outros;
Escritores:
- Augusto Abelaira, Carlos de Oliveira, Fernando Namora, José Cardoso Pires, Virgílio Ferreira e outros.

- SURREALSIMO TARDIO: A geração de 1950

-1947: O surrealismo chega tardiamente a Portugal, Mário Cesariny lidera alguns poetas;
- Fazendo oposição clara ao Fascismo Salazarista, esses poetas utilizavam: o humor, a exploração de imagens do inconsciente e o automatismo psíquico;
- Destacaram-se: Antônio Maria Lisboa e Alexandre O´Neill.

- Pós – Modernismo Português: Da geração de 1960 aos dias atuais

-1960: Nesta década intensifica-se a oposição ao regime Salazarista e o conteúdo político – ainda que este seja apenas um dos aspectos;
- Caracteriza a poesia de: Eugênio de Andrade, Jorge de Sena, Natália Correia, Sophia de Mello Breyner Andresen e Ruy Belo;

- Momento também marcado pela Poesia 61, coletânea de cinco livros dos poetas Fiama Hasse Pais Brandão, Gastão Cruz, Luiza Neto Jorge, Maria Teresa Horta e Casimiro de Brito;
- Entrecruzaram o texto poético e o contexto histórico-social. Destacando neste contexto a obra de Fernando Echevarría e Pedro Tamen;
- No mesmo período desenvolve-se sob a influência do Concretismo brasileiro, o experimentalismo poético, entre muitos dos poetas já citados;
- No teatro destaca-se o dramaturgo Bernardo Santaremo;

Muitos dos autores mencionados continuam a produzir, demonstrando a vitalidade da Literatura Portuguesa na passagem do século XX ao XXI;
- Novos valores surgem: Albano Martins, Lídia Jorge, Lobo Antunes, Mário Claudio, Mário de Carvalho, Nuno Júdice, Teolinda Gersão e Vasco Graça Moura;
- 1998: Consagração definitiva da literatura do século XX português, com a entrega do Prêmio Nobel a José Saramago.

- AS DUAS PONTAS DO SÉCULO XX PORTUGUÊS: FERNANDO PESSOA E JOSÉ SARAMAGO

- Fernando Pessoa: Usava vários heterônimos, assinando as suas obras de acordo com a personalidade de cada um deles. O autor insistia no fato de que não se tratava de pseudônimos, já que eram individualidades distintas do autor.

PRINCIPAIS HETERÔNIMOS:

- Alberto Caeiro: É o poeta ingênuo. Criado no campo, apega-se à simplicidade natural da vida, à fraqueza e à alegria. Procurava ver as coisas como elas são, sem subjetivismo e meta física. O mundo é para ele o que ai está, não havendo nada a desvendar, já que não existiria nenhum outro sentido oculto por trás das aparências.

- Álvaro de Campos: É o poeta moderno. Tem a visão do homem urbano, agressivo e agitado, que exalta o progresso, mas também carrega a angústia de sua época. Na linha do Futurismo, celebra a máquina, a velocidade e a simultaneidade das sensações. É o mais emotivo de todos. Questiona as ilusões e as fantasias humanas.

- Ricardo Reis: É o poeta neoclássico. Seu estilo é trabalhado, cuidadoso no vocabulário e na sintaxe de influência latina. Assim como os clássicos, é pagão e, como Caeiro, prega o amor à natureza e à vida rústica. Sofre por saber-se efêmero, mortal.

- Fernando Pessoa “ele mesmo”: É o poeta múltiplo. Sua poesia ora é mística, ora nacionalista, ora é de uma profunda reflexão psicológica e metafísica. Avesso ao sentimentalismo, expressa suas emoções equilibradas pela inteligência e pelo intelecto. Parte de sua poesia mantém laços com o Simbolismo. Místico e esotérico revela paixão pelo mistério. O apego à solidão, o tédio, a saudade e o questionamento do eu são outras características de Fernando Pessoa “ele mesmo”.

- José Saramago foi conhecido por utilizar um estilo oral, coevo dos contos de tradição oral populares em que a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correção de uma linguagem escrita. Todas as características de uma linguagem oral, predominantemente usada na oratória, na dialética, na retórica e que servem sobremaneira o seu estilo interventivo e persuasivo estão presentes.
Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional; Os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros.
Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento.
Muitas das suas frases ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores. Por isso, se o leitor se habituar ao o seu estilo, a sua leitura é muito agradável, pois o seu ritmo está muito próximo da eloquência oral do Povo Português.
Estas características tornam o estilo de Saramago único na literatura contemporânea, sendo considerado por muitos críticos um mestre no tratamento da língua portuguesa.

IREMOS NAVEGAR COM MUITO PRAZER NA LITERATURA CONTEMPORÂNEA PORTUGUESA

O CONVITE QUE FAÇO É MAJESTOSO


APÓS LEITURAS SOBRE A LITERATURA CONTEMPORÂNEA PORTUGUESA - PROSA E POESIA, DEPOIS DE CONHECER DE FERNANDO PESSOA SEUS HETERÔNIMOS ATÉ JOSÉ SARAMAGO VAMOS JUNTOS PARTILHAR NOSSO APRENDIZADO, ENRIQUECENDO NOSSO CONHECIMENTO E PARTILHANDO O ENSINAR X APRENDER.


1. Busque em sites educacionais informações sobres as questões acima elencadas;

2. Juntamente com mais dois colegas façam comentários sobre o que aqui encontra postado e o que por vocês foi pesquisado e também postado junto com seus conhecimentos;

3. Visite a postagem de outros colegas e ârgumentem, contra argumentem sobre o que você aprendeu e o que seu colega disse a respeito dos assuntos estudados;

4. Vocês sabem que o processo da aprendizagem ocorre em conjunto aqui aprendemos juntos.

LEIAM COM CARINHO O POEMA A SEGUIR E COMENTEM O QUE ELE REMETE.

Fernando Pessoa: "Mar português"


Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.



Boa sorte!!!

Boa postagem !!!

Raimar Santos Leite.

sábado, 11 de setembro de 2010

ESTUDANDO, INTERAGINDO E OBSERVANDO COM MINÚNCIA - VIDAS SECAS.

VIDAS SECAS

DE GRACILIANO RAMOS

Escrito por: RAIMAR SANTOS DA CONCEIÇÃO LEITE.


Fabiano, vaqueiro, homem rústico e analfabeto, trabalhador, gosta de muito beber e jogo, perde dinheiro nesse vício. Sinhá Vitória, mulher resignada e fiel ao marido, admira seu Tomás da bolandeira (grande roda puxada por animais que move o rodete de ralar mandioca) por saber ler e ter uma cama de lastro de couro, deseja ir a terras distantes para os filhos aprenderem o alfabeto, serem homens de leitura, terem vida melhor. O filho mais novo deseja ser vaqueiro como o pai e o admira. O filho mais velho deseja saber o sentido das palavras. Ambos gostam de brincar com a cachorra Baleia em torno da tapera. Há também um soldado amarelo, representação do poder governamental, e que prende Fabiano arbitrariamente.
Começam a jornada e suas aventuras de sequidão e fome como retirantes de um lugar inóspito, marchando léguas dentro da caatinga, na estiagem, urubus circulando na atmosfera sobre carcaças de vidas mortas ou morrendo, até encontrarem juazeiros e uma casa de fazenda que parecia abandonada. O proprietário chega e explora o trabalho de Fabiano, passam a cuidar do gado do patrão, a seca os vitima na dura realidade e voltam à estrada como retirantes.
O narrador está em terceira pessoa, heterodiegético, foco onisciente, ouve o pensar dos personagens de parca comunicação (falam em grunhidos, resmungos, para economizar energia), as suas aflições, angústias, esperança.
O romance Vidas Secas de Graciliano Ramos é composto de 13 capítulos: Mudança; Fabiano; Cadeia; Sinhá Vitória; O menino mais novo; O menino mais velho; Inverno; Festa; Baleia; Contas; O soldado amarelo; O mundo coberto de penas; Fuga.


Capitulo I – Mudança.


Estão em busca de alguma terra prometida a mais de 3 léguas (cerca de mais de 6 km). Avistam ao longe pelos galhos pelados da caatinga os juazeiros, oásis daquela família andante, nômade, em meio ao nordeste seco, em prolongada estiagem. Há vôo de urubus sobre bichos moribundos. "Sinhá Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto". Eram seis viventes (Fabiano (o vaqueiro), Sinhá Vitória (sua mulher), o menino mas novo, o mais velho, a cadela Baleia, e o papagaio). A meio do caminho o papagaio morreu e foi comido. Chegaram aos juazeiros e a uma fazenda parecendo abandonada, com uma tapera. Encontraram água salobra, beberam. Baleia caçou um preá e trouxe solidária nos dentes para fartar a fome de todos ("Sinhá Vitoria beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava ensanguentado, lambia o sangue e tirava proveito do beijo.").



Capitulo II – Fabiano.

O vaqueiro tinha a sua crença. Supôs distinguir pisadas de uma novilha na areia. "Cruzou dois gravetos no chão e rezou. Se o bicho não estivesse morto, voltaria para o curral, que a oração era forte". E fumava: "Tirou do aió um pedaço de fumo, picou-o, fez um cigarro com palha de milho, acendeu-o ao binga". "Era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. (...) - Você é um bicho, Fabiano. (...) Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades".
Na tapera "passara uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano (...) oferecera os seus préstimos (...) E o patrão aceitara-o (...) Agora Fabiano era vaqueiro. (...) O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco. (...) só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. (...) Às vezes utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos - exclamações, onomatopéias. Na verdade falava pouco".
"Lembrou-se de seu Tomás da Bolandeira. (...) Ele, Fabiano, muitas vezes dissera: - seu Tomás, vossemecê não regula. Para que tanto papel? (...) Não sabia mandar: pedia. (...) Os outros brancos eram diferentes. O patrão atual, por exemplo, berrava sem precisão (...) descompunha o vaqueiro. (...) Sinhá Vitória desejava possuir uma cama igual a de seu Tomás da Bolandeira".
"Se a seca chegasse, não ficaria planta verde. Arrepiou-se. (...) Não queria morrer. Ainda tencionava correr mundo (...) Estava escondido no mato como tatu (...) governado pelos brancos, quase uma rês na fazenda alheia". "Indispensável os meninos estarem no bom caminho, saberem cortar mandacaru para o gado, consertar cercas, amansar brabos. Precisavam ser duros, virar tatus".



Capitulo III – Cadeia.

Fabiano, um homem desconfiado: "tinha ido a feira da cidade comprar mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras. Sinhá Vitória pedira além disso uma garrafa de querosene e um corte de chita vermelha. Mas o querosene de seu Inácio estava misturado com água, e a chita da amostra era cara demais. Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano regateando um tostao em côvado, receoso de ser enganado. Andava irresoluto, uma longa desconfiança dava-lhe gestos oblíquos. A tarde puxou o dinheiro, meio tentado, e logo se arrependeu, certo de que todos os caixeiros furtavam no preço e na medida."

Gosta de uma boa cachaça, não com água: "dirigiu-se a bodega de seu Inácio, onde guardara os picuás. Ai certificou-se novamente de que o querosene estava batizado e decidiu beber uma pinga, pois sentia calor. Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano virou o copo de um trago, cuspiu, limpou os beiços à manga, contraiu o rosto. Ia jurar que a cachaça tinha água. Por que seria que seu Inácio botava água em tudo? perguntou mentalmente. Animou-se e interrogou o bodegueiro: - Por que é que vossemecê bota água em tudo? Seu Inácio fingiu nao ouvir."
O Soldado amarelo e o jogo a dinheiro; o desafio: "um soldado amarelo aproximou-se e bateu familiarmente no ombro de Fabiano: - Como é, camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro? Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou, procurando as palavras (...) Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era autoridade e mandava. Fabiano sempre havia obedecido. (...) os dois homens sentaram-se, o soldado amarelo pegou o baralho. Mas com tanta infelicidade que em pouco tempo se enrascou. Fabiano encalacrou-se também. Sinhá Vitoria ia danar-se, e com razão. Ergueu-se furioso, saiu da sala, trombudo. "Espera ai, paisano, gritou o amarelo." Fabiano, as orelhas ardendo, não se virou. Foi pedir a seu Inácio os trocos que ele havia guardado, vestiu o gibão, passou as correias dos alforjes no ombro, ganhou a rua. (...)Que desculpa iria apresentar a Sinhá Vitoria? Forjava uma explicação difícil. (...) Os parceiros o tinham pelado no trinta-e-um. Mas não devia mencionar o jogo. (...) um empurrão, atirou-o contra o jatobá. A feira se desmanchava; escurecia; o homem da iluminação, trepando numa escada, acendia os lampiões. A estrela papa-ceia branqueou por cima da torre da igreja; o doutor juiz de direito foi brilhar na porta da farmácia; o cobrador da prefeitura passou coxeando, com talões de recibos debaixo do braço; a carroça de lixo rolou na praça recolhendo cascas de frutas; seu vigário saiu de casa e abriu o guarda-chuva por causa do sereno; Sinhá Rita louceira retirou-se. (...)Fabiano estremeceu. Chegaria a fazenda noite fechada. Entretido com o diabo do jogo, tonto de aguardente, deixara o tempo correr. E não levava o querosene (...) Outro empurrão desequilibrou-o. Voltou-se e viu ali perto o soldado amarelo, que o desafiava (...) moderou a indignação. Na catinga ele às vezes cantava de galo, mas na rua encolhia-se.
Sentou-se num canto rosnando: "A autoridade [o soldado amarelo] (...) não achando pretexto plantou o salto em cima da alpercata do vaqueiro. (...) continuou a pisar com forca. Fabiano impacientou-se e xingou a mãe dele. Ai o amarelo apitou, e em poucos minutos o destacamento da cidade rodeava o jatobá. (...) Fabiano marchou desorientado, entrou na cadeia. (...) uma lamina de facão bateu-lhe no peito, outra nas costas. Em seguida abriram uma porta, deram-lhe um safanão (...) Fabiano ergueu-se atordoado, cambaleou, sentou-se num canto, rosnando - Hum! hum!"
"Sinhá Vitória punha sal na comida. Abriu os alforjes novamente: a trouxa de sal não se tinha perdido. Bem. Sinhá Vitória provava o caldo na quenga de coco. E Fabiano se aperreava por causa dela, dos filhos e da cachorra Baleia, que era como uma pessoa da família, sabida como gente."
"deu marradas na parede. Era bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito? Que mal fazia a brutalidade dele?" (foi por um dia, cap. 8 - a festa: "Lembrou-se da surra que levara e da noite passada na cadeia.")
"Agora Fabiano conseguia arranjar as idéias. O que o segurava era a família. (...) Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. (...) Sem aqueles cambões pesados [pendurados ao pescoço], não envergaria o espinhaço não, sairia dali ////como onça ////e faria uma asneira. Carregaria a espingarda e daria um tiro de pé de pau no soldado amarelo. Não. O soldado amarelo era um infeliz que nem merecia um tabefe com as costas da mão. Mataria os donos dele. Entraria num bando de cangaceiros e faria estrago nos homens que dirigiam o soldado amarelo. Não ficaria um para semente. (cap. 7 - Inverno: "Algum tempo antes acontecera aquela desgraça: o soldado amarelo provocara-o na feira, dera-lhe uma surra de facão e metera-o na cadeia. Fabiano passara semanas capiongo, fantasiando vinganças, vendo a criação definhar na catinga torrada. Se a seca chegasse, ele abandonaria mulher e filhos, coseria a facadas o soldado amarelo, depois mataria o juiz, o promotor e o delegado. Estivera uns dias assim murcho, pensando na seca e roendo a humilhação. Mas a trovoada roncara, viera a cheia, e agora as goteiras pingavam, o vento entrava pelos buracos das paredes. Fabiano estava contente e esfregava as mãos. Como o frio era grande, aproximou-as das labaredas.") ".



Capitulo IV – Sinhá Vitória.

Estava Sinhá Vitória "Acocorada junto às pedras que serviam de trempe, (...) soprava o fogo. (...)Uma chuva de faíscas mergulhou num banho luminoso a cachorra Baleia, (...) Baleia despertou, retirou-se prudentemente, receosa de sapecar o pêlo, e ficou observando maravilhada as estrelinhas vermelhas que se apagavam antes de tocar o chão. Aprovou com um movimento de cauda aquele fenômeno e desejou expressar a sua admiração à dona. Chegou-se a ela em saltos curtos, ofegando, ergueu-se nas pernas traseiras, imitando gente. Mas Sinhá Vitória não queria saber de elogios: - Arreda! Deu um pontapé na cachorra, que se afastou humilhada e com sentimentos revolucionários."
" Pensou de novo na cama de varas e mentalmente xingou Fabiano. Dormiam naquilo, tinham-se acostumado, mas seria mais agradável dormirem numa cama de lastro de couro, como outras pessoas. Poderiam adquirir o móvel necessário economizando na roupa e no querosene. Sinhá Vitória respondera que isso era impossível, porque eles vestiam mal, as crianças andavam nuas, e recolhiam-se todos ao anoitecer. Para bem dizer, não se acendiam candeeiros na casa. (...) Como não se entendessem, Sinhá Vitória aludira, bastante azeda, ao dinheiro gasto pelo marido na feira, com jogo e cachaça. Ressentido, Fabiano condenara os sapatos de verniz que ela usava nas festas, caros e inúteis. Calcada naquilo, trôpega, mexia-se //// como um papagaio, ///// era ridícula. (...) Olhou de novo os pés espalmados. Efetivamente não se acostumava a calçar sapatos, mas o remoque de Fabiano molestara-a. Pés de papagaio. (...) Olhou os pés novamente. Pobre do louro. Na beira do rio matara-o por necessidade, para sustento da família. (...) foi ao quintalzinho regar os craveiros e as panelas de losna. E botou os filhos para dentro de casa, que tinham barro até nas meninas dos olhos. Repreendeu-os: - Safadinhos! porcos! sujos como... Deteve-se. Ia dizer que eles estavam sujos como papagaios. (...) Fabiano roncava com segurança. Provavelmente não havia perigo, a seca devia estar longe."

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

NÓS PODEMOS MUITO, NÓS PODEMOS MAIS....

Queridos discentes e visitantes,

Fiquei muito feliz e agradecida à DEUS com a receptividade de vocês diante dos estudos feitos, os comentários postados e a dedicação por parte de cada visitante nas atividades sobre a 2ª e 3ª GERAÇÃO DO MODERNISMO.

Com isso acredito cada vez mais na pontecialidade de cada um de vocês e por tudo isso continuo dizendo que vocês podem tudo.


AGORA MEU CONVITE É PARA QUE JUNTOS FAÇAMOS A DIFERENÇA:

Nós podemos muito, nós podemos mais, vamos juntos então adentrarmos o mundo maravilhoso da literatura GRACILIANA, na obra - VIDAS SECAS - pois sei que podemos tudo, vamos lá prá ver o que será, o que terá, e viajarmos no espetáculo que é desevndar mistérios dentro da literatura.

EM CONTAGEM REGRESSIVA VAMOS LÁ .......

AGORA É COM VOCÊS ...............


CONVIDEM AMIGOS, DIVULGEM SEU APRENDIZADO E POSTEM SEUS COMENTÁRIOS.

VIVENCIANDO O MUNDO MARAVILHOSO DA OBRA GRACILIANA

Graciliano Ramos - Informações Biográficas

Graciliano Ramos é considerado um dos mais importantes escritores do moderno romance brasileiro. Nascido em Quebrângulo – AL (1892), morreu no Rio de Janeiro (1953). Estudou em Maceió, e não chegou a cursar uma faculdade. Morou por muito tempo em Palmeira dos Índios – AL, onde seu pai mantinha um comércio. Chegou a ser prefeito de Palmeira dos Índios. Dedicando-se ao jornalismo e à publicidade, foi revisor de jornais no Rio de Janeiro e dirigiu a imprensa e a instrução do estado de Alagoas de 1930 a 1936, sempre demonstrando preocupação com o ensino no Brasil. Foi preso em 1936, sob a suspeita de ligação com o Partido Comunista Brasileiro, sendo humilhado dentro dos presídios por onde passou. Em 1945, filia-se ao Comunismo, viajando por vários países socialistas. No início dos anos 50, já consagrado como romancista, falece de câncer na capital carioca.

Principais Obras: Romances: Caetés (1933); São Bernardo (1938); Angústias (1936); Vidas Secas (1938). Conto: Insônia (1947). Memórias: Infância (1945); Memórias do Cárcere (1953); Viagem (1954); Linhas Tortas (1962); Viventes das Alagoas (1962). Literatura Infantil: Histórias de Alexandre (1944); Dois dedos (1945); Histórias Incompletas (1946).

Características Literárias

Graciliano Ramos ao lado de José Lins do Rego, destaca-se no papel de romancista da segunda fase do Modernismo (1930 - 1945). Graciliano Ramos tornou sua obra mais uma vertente de nosso rico romance regionalista. Com estilo seco, conciso e sintético, o autor deixa de lado o sentimentalismo a favor de uma objetividade e clareza. Seu estilo seco, frio, enxuto e impessoal, repleto de senso psicológico, aproxima-o de Machado de Assis, sendo considerado seu legítimo seguidor, sabendo exprimir a amarga realidade do homem nordestino com agudeza. Assim como José Lins do Rego, Graciliano Ramos vai descrever os tipos e as paisagens do nordeste evocando os problemas que ali se encontram. Seus melhores romances (São Bernardo, Angústia e Vidas Secas), mostram um perfil psicológico e sócio-político que nos indica uma versão crítica dos rumos que a sociedade moderna toma. A análise psicológica tomada pelo autor com relação aos seus personagens, parte do regional para o universal, confrontando o homem comum que vive com classes superiores e autoritárias. O nordeste se torna o palco deste conflito, a preocupação com os problemas do povo brasileiro sempre foram traços marcantes de suas obras. Graciliano Ramos escreveu ainda um romance autobiográfico que contém elementos ficcionais, Memórias do Cárcere, onde há toda a violência que o autor passou enquanto esteve preso, denunciando o autoritarismo estabelecido pelo Estado Novo.

Análise da Obra - Vidas Secas

Tipos de Narrador:

No romance "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, encontramos a narração em terceira pessoa, com narrador onisciente. Podemos encontrar muitas vezes os discursos indiretos livres. É o próprio narrador que revela o interior dos personagens através de monólogos interiores. O foco narrativo ganha destaque ao converter em palavras os anseios e pensamentos das personagens.
"... Aí, a coleira diminuiu e Fabiano teve pena".
(Cap. 01 – Mudança)

Tempo da Narrativa:

O tempo de narrativa medeia duas secas. A primeira que traz a família para a fazenda e a segunda que a leva para o Sul. Mesmo possuindo algumas referências cronológicas na obra, o tempo é psicológico e circular.
"... Sinhá Vitória é saudosista. Lembra-se de acontecimentos antigos, até ser despertada pelo grito da ave e ter a idéia de transformá-la em alimento".
(Cap. 01 – Mudança)

Espaço da Narrativa:

O espaço é físico, refere-se ao sertão nordestino, descrito com precisão pelo autor.
"... na lagoa seca, torrada, coberta de caatingas e capões de mato".
(Cap. 11 – O soldado Amarelo)